Fortaleza

Pensamento a longo prazo, SAF e metas para 2024: Marcelo Paz detalha sobre trabalho desenvolvido no Fortaleza

Presidente do Fortaleza crava que objetivo do ano é manutenção na Série A mesmo com chances de conquistar título internacional […]

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza

Foto: Matheus Amorim/Fortaleza

Presidente do Fortaleza crava que objetivo do ano é manutenção na Série A mesmo com chances de conquistar título internacional

Em ascensão no cenário brasileiro nos últimos anos, sendo o primeiro clube nordestino a romper a barreira das quartas de final da Copa Sul-Americana, o Fortaleza vive uma revolução dentro e fora de campo.

De um time que sofreu por oito temporadas para deixar a Série C até se tornar habituado a romper as fronteiras do Brasil com os países da América do Sul, o Leão viu um trabalhador da educação colocar seu nome entre os gestores esportivos mais bem sucedidos da atualidade.

À frente do Leão até 2024, quando encerra o seu segundo mandato, o presidente Marcelo Paz demonstra todo o seu orgulho do legado que vem sendo construído no Pici, mas além disso, segue inquieto buscando tornar o Tricolor cada vez maior e mais consolidado.

Dessa forma, em entrevista ao Click Esportivo, o mandatário do Fortaleza revisitou o trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2017, a construção da SAF no clube com participação maciça dos sócios, as metas até o fim do mandato e cravou que a prioridade em 2023 é manter o clube na Série A, além de buscar novas classificações para competições internacionais via Brasileiro.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza

Confira a entrevista do presidente do Fortaleza, Marcelo Paz:

Click Esportivo – O Fortaleza tem vivido um dos melhores momentos de sua história. Desde que deixou a Série C, o clube vem conseguindo ganhar cada vez mais espaço, se tornando protagonista no cenário nacional. Como explicar essa revolução que está acontecendo?

Marcelo Paz – O trabalho que estamos desenvolvendo no Fortaleza sempre foi visando o médio e longo prazo. Para que a gente pudesse chegar às semifinais da Copa Sul-Americana deste ano é mérito de um trabalho que vem sendo feito desde 2017. Ganhamos a Série B, voltamos à elite nacional, conseguimos nos consolidar e começamos a participar de competições de internacionais. É um trabalho feito com muitas mãos. Temos uma diretoria muito competente nas mais diversas áreas. Às vezes fica muito centralizado na figura do presidente, mas tem muita gente boa trabalhando comigo. Eu tenho muito orgulho de trabalhar com a minha equipe, pois são pessoas que se dedicam ao clube e não têm a vaidade de querer aparecer, de ter a primazia de dar a opinião ou algo nesse sentido. O que nos envaidece é o Fortaleza seguir ganhando, crescendo, fazendo grandes festas na arquibancada e galgando seu espaço nas competições.

C.E – Um dos muitos elogios feitos ao Fortaleza é sobre a forma com o clube vem sendo gerido. Como é estruturada essa questão?

M.P – Temos uma gestão com muito profissionalismo no clube. Toda a nossa diretoria é remunerada, inclusive eu. Todos nós trabalhamos com dedicação exclusiva ao Fortaleza Esporte Clube. Dentro de campo, adotamos a postura de seguir os trabalhos com os treinadores e trazer jogadores que se adequassem ao nosso perfil técnico e de comportamento. Isso é muito importante. São alguns fatores que ajudam a bola a entrar. Ela não entra por acaso. Vivemos uma sequência de resultados históricos, como este da Sul-Americana, onde chegamos na semifinal, e vamos trabalhar com muita humildade para conseguir chegar mais à frente.

Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza

C.E – Durante esse período de crescimento do clube, uma das características têm sido os trabalhos mais longos dos treinadores, como foi o caso do Rogério Ceni e, hoje, do Vojvoda. Contudo, no ano passado, houve uma pressão muito grande para que ele fosse demitido por conta do começo ruim na Série A. Como essa questão foi administrada e qual o segredo para manter a longevidade dos técnicos?

M.P – Nós trabalhamos com futebol, mas se fizermos um paralelo com a educação, se o coordenador pedagógico for mudado a cada três meses, em um hotel, se o gerente for trocado a cada três meses, vai mudar a qualidade, o atendimento, até mesmo a percepção das pessoas sobre o serviço e a forma de trabalhar. No futebol não é diferente. A diferença é que no futebol tudo é muito público e a pressão por resultados calha no caminho mais fácil, que é a troca de treinador para voltar a ter performance. Só que nós entendemos diferente.

Quando você traz um profissional como o Rogério (Ceni) para a Série B, que entregou resultado e continuou no clube, tem que ficar e ter continuidade mesmo. Ele ficou aqui mais de mil dias. Quando se traz um profissional como o Vojvoda do exterior – profissional que não era muito conhecido aqui no Brasil – e ele começa entregando os resultados, não pode ser na primeira crise que vamos mudar tudo isso. Todos os resultados tinham sido entregues até o momento de turbulência. Ele era bicampeão cearense, campeão da Copa do Nordeste, levou o time à Libertadores e ao quarto lugar da Série A e da Copa do Brasil. O time estava mal no Brasileiro do ano passado. Muita gente pediu demissão, mas a gente entendia que não era o certo a fazer com a instituição.

A melhor forma de levar o Fortaleza à reviravolta de fazer os 40 pontos no returno era mudar algumas coisas como peças do elenco – saíram e chegaram jogadores -, alteramos a forma de jogar e com o fim da Libertadores, passamos a ter mais tempo para nos preparar. Esses fatores fizeram com que superássemos a crise mantendo o treinador, decisão que se mostrou acertada, pois os mesmos que pediram para demitir, imploraram para mantê-lo e conseguimos, renovando o contrato até o final de 2024.

C.E – Antes de chegar para trabalhar na gestão esportiva, o senhor trabalhou por muito tempo no setor de educação. Como esta experiência auxilia para gerir um clube como o Fortaleza?

M.P – Eu acho que todo gestor precisa ser hábil para lidar com pessoas. São as pessoas que fazem a diferença, são elas que levam as empresas e os clubes de futebol a terem resultados. Entretanto, também são as pessoas, que se mal gerenciadas, podem causar prejuízos e derrotas. Trabalhei em escola por muito tempo. Muita família tem uma escola, que hoje é gerenciada pelo meu irmão desde que passei a me dedicar em tempo integral ao Fortaleza. Trabalhar com educação faz com que você tenha o olhar apurado e saber que cada aluno e cada família é importante, que a presença diária na escola é importante. A escola é o único serviço em que seu cliente está ali todos os dias.

Então, é necessário agradar todo dia, buscar a excelência todos os dias. É procurar acertar e ter a humildade de reconhecer erro quando acontecer, pois todos nós erramos, e consertar, afinal, não podemos ter compromisso com erro. A experiência com a educação e a necessidade de entregar resultados quase diários me ajudou com algumas práticas para conseguir implementar no mundo do futebol.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Lucero
Foto: Bruno Oliveira/Fortaleza

C.E – A classificação para a semifinal da Copa Sul-Americana é um feito inédito para o futebol nordestino. Com a proximidade da possibilidade de um título internacional – e tudo o que isso significa – podemos afirmar que este é o grande objetivo do Fortaleza em 2023?

M.P – O maior objetivo do clube no ano é permanecer na Série A. Isso não muda. Estamos disputando a Série A e precisamos atingir um patamar de pontuação que nos garanta na edição de 2024. Não podemos perder de vista que nada é mais importante que isso. É claro que estamos em uma semifinal de Copa Sul-Americana e temos uma trajetória importante já percorrida. É um sonho conseguirmos avançar para poder chegar ao jogo do título. Seria algo absurdamente grande para a nossa torcida e para a história do Fortaleza, mas eu não vou perder de vista a importância de pontuar na Série A, de ir bem na competição e manter o clube na Primeira Divisão, afinal, é a partir disso que tudo acontece.

Desde a questão financeira, as melhores receitas e até mesmo as vagas para as competições internacionais, já que para chegar de outras formas só vencendo a Copa do Brasil ou para quem ganhar a Sul-Americana ou a Libertadores. Vamos buscar conciliar e avançar mais na Copa Sul-Americana, é claro, mas o que almejamos é mais uma boa participação na Série A.

C.E – No último ano, vários times tradicionais do Brasil se transformaram em SAF como uma solução para problemas financeiros. Mesmo sem este tipo de problema, o Fortaleza tem discutido este processo e com a participação de seus sócios e conselheiros. Qual a importância de tê-los discutindo essa possibilidade junto à diretoria?

M.P – Eu considero isso (participação de sócios e conselheiros) fundamental. Aqui, nós trabalhamos para o torcedor. Somos passageiros. Meu mandato irá acabar, o mandato do presidente Wendell (Regadas), do Conselho Deliberativo, também vai acabar e essa diretoria também irá. O clube é eterno. Tomar decisões que vão impactar no futuro do clube precisa ser feito de forma democrática, participativa e transparente.

Fizemos três plenárias em dias e horários diferentes para que ninguém dissesse que não ia poder ir. Teve no sábado, no domingo, de dia e à noite. Abrimos transmissões virtuais para termos o cuidado de tirar todas as dúvidas e deixar tudo documentado e publicado na TV Leão. O processo precisa ter lisura para que a Assembleia Geral de Sócios, que é quem vai tomar a decisão, possa fazê-lo baseado em informações.

Nosso papel é fazer com que eles possam se aprofundar, mostrar o porquê aquilo é bom para o clube. Neste momento, a gente tem a intenção de que o Fortaleza crie a sua SAF, mas não venda as suas ações. Caso venda, que seja apenas cotas de 5% ou 10%. Não temos intenção de vender o controle e, no caso de venda, ela terá que passar pela Assembleia Geral de Sócios.

O momento agora é de ter um novo modelo de governança, acesso a novos mercados e créditos e estar pronto para o que possa acontecer. Contudo, ainda não há nenhum estudo sobre o valuation, pois acreditamos que não é a hora de discutirmos isso. O momento é de criar o movimento jurídico para ser aprovado pela Assembleia.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza

C.E – No caso da chegada de um investidor ao Fortaleza, há a pretensão de permanecer no clube em uma função diferente de presidente? Como CEO, por exemplo?

M.P – Eu tenho compromisso com o Fortaleza até 2024, que é quando acaba o mandato para o qual fui eleito. Não tenho intenção de deixar o clube antes disso, seja por qualquer motivo. O que eu mais gosto de fazer profissionalmente na minha vida é gestão esportiva. O melhor lugar do mundo para mim é a cidade de Fortaleza, pois aqui está a minha família e as minhas raízes. Então, se eu puder fazer isso (gestão esportiva) no Fortaleza, estarei à disposição, desde que seja o melhor para o clube.

Em algum momento, caso apareçam pessoas que possam fazer mais e melhor, eu abrirei o espaço de maneira natural para seguir a minha vida com a total consciência de que enquanto estive no clube, dei o meu máximo.

C.E – Com o fim do segundo mandato programado para o final de 2024, quais as metas que o Marcelo Paz ainda pretende alcançar com o Fortaleza, quais as metas para o fim do mandato em 2024?

M.P – Quando terminar 2024 quero que o Fortaleza esteja garantido para a Série A do ano seguinte e classificado para competições continentais, com melhorias estruturais, com saúde financeira e contas estruturadas e as categorias de base revelando jogadores para servir ao elenco profissional.

Esses são os objetivos, mas temos vários outros pilares que podem ser citados como melhorias no aspecto social, no atendimento ao torcedor, investimentos em tecnologia e inovação, mas entregando isso ao final do ciclo, acredito que os tricolores estarão felizes e eu, como dirigente, também estarei.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
Foto: Vinícius Palheta/Fortaleza

C.E – Qual seria a importância da conquista de um inédito hexacampeonato estadual em 2024 para o encerramento do ciclo?

M.P – (O hexacampeonato) também faz parte. Se somos o atual pentacampeão do estado, iremos buscar o hexa. Queremos conquistar o Estadual, brigar para ser campeão do Nordeste novamente. O Fortaleza, na condição em que está, precisa almejar esses títulos. Sabemos que temos grandes adversários, mas eu sou uma pessoa que gosta muito de conquistas. Desde que assumi o clube, tivemos pelo menos um título todos os anos e espero que em 2024 seja assim também.

C.E – Outro ponto característico da sua gestão à frente do Fortaleza foram as constantes melhorias na infraestrutura do clube? Quais os planos de investimentos neste sentido?

M.P – Pretendemos ainda fazer a instalação de um campo sintético no CT, destinado às categorias de base, queremos realizar melhorias no setor de fisioterapia do futebol profissional, pois já temos o espaço, mas a meta é fazer uma ampliação. Além disso, queremos modernizar a sala de imprensa também. Temos alguns projetos que estão em pauta, mas estamos buscando os recursos dentro da nossa organização financeira para que possamos operacionalizar. Temos mais coisas para fazer, mas não adianta ficar aqui dizendo. É melhor ir realizando devagarinho e entregar as obras.

C.E – O bom momento do Fortaleza gera uma sintonia muito boa com a torcida, que vem apresentando excelentes números nos últimos anos. Qual a importância da torcida para a atual gestão?

M.P – Nosso sentimento é sempre de gratidão por tudo que nossa torcida tem feito. Esse ano iremos, mais uma vez, ultrapassar a barreira de um milhão de torcedores no estádio. Uma torcida que é vibrante e que nos apoia, sempre chegando junto. Tudo o que a gente faz é para que eles fiquem felizes e tenham orgulho. Queremos formar uma nova geração de torcedores a partir das crianças que estão começando a entender o que é o futebol, que gostem das nossas cores e passem a torcer pelo Fortaleza. Isso é um legado. Acredito que o maior de todos, é formar uma nova geração e dar alegria para aqueles que torcem pelo Fortaleza.

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Caio Alexandre
Foto: Mateus Lotif/Fortaleza
COMPARTILHE

Bombando em Fortaleza

1

Fortaleza

Fortaleza homenageia Vojvoda por marca de 300 jogos no clube

2

Fortaleza

Fortaleza x Vitória: onde assistir, horário, escalações e estatísticas

3

Fortaleza

Flamengo x Fortaleza: onde assistir ao vivo, horário, escalações e estatísticas

4

Fortaleza

Vasco x Fortaleza: onde assistir, horário, escalações e estatísticas

5

Fortaleza

Fortaleza x Juventude: onde assistir, horário, escalações e estatísticas