Pernambucano

Crise no Santa Cruz, Arena, transmissão do Estadual e mais: Evandro Carvalho avalia momento do futebol pernambucano

Evandro Carvalho opinou sobre o momento vivido por Pernambuco, que busca dias melhores no futebol Presidente da Federação Pernambucana de […]

Evandro Carvalho_Entrevista_Presidente_FPF

Foto: Divulgação/FPF

Evandro Carvalho opinou sobre o momento vivido por Pernambuco, que busca dias melhores no futebol

Presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE), Evandro Carvalho, reeleito em setembro do ano passado como mandatário da entidade, vai completar 15 anos à frente da FPF ao término do mandato – em 2026.

Em entrevista ao Click Esportivo, o Evandro Carvalho fez uma avaliação dos seus mais de 12 anos à frente da entidade e também da contribuição da FPF para o futebol pernambucano.

Além disso, Evandro Carvalho opinou sobre a crise do Santa Cruz, que não tem calendário nacional em 2024 e vê numa eventual SAF a esperança de dias melhores.

Evandro Carvalho também falou da Arena de Pernambuco, Todos com a Nota, possível jogo da Seleção Brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, o Campeonato Pernambucano e mais.

Click Esportivo: Qual a sua avaliação sobre o momento do futebol pernambucano?

O déficit nosso é o Santa Cruz, que realmente ele não merece estar onde está, mas é um cenário que foi foi previsto e estava invariavelmente fadado acontecer por conta dos 30 anos de de formato de gestão de Santa Cruz. O Sport está sempre se segurando ali entre os dois, três melhores clubes do Norte Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, com sua marca valorizada.

Nos últimos 10 anos do Sport passou mais na Série A do que na B, então o Sport tá dentro do normal do que nós chamamos do Quarteto de Ferro do Nordeste, que é Bahia, Sport, Ceará e Fortaleza.

O Náutico teve uma pequena queda, mas está brigando e deve voltar. E o Retrô é a grande revelação do Brasil, né? Nós temos quatro pontos positivos e um negativo, que é o Santa Cruz. A gente tem que trabalhar para fazer o Santa Cruz voltar ao que ele era. Fora isso, os clubes do interior evoluíram muito.

Click Esportivo: O que explica essa crise sem precedente do Santa Cruz?

O Santa Cruz teve um declínio financeiro muito grande e que não é de hoje. Não é culpa de Antônio (Luiz Neto), de Tininho ou de Evandro Carvalho. Isso começou há mais de 25 anos. Essa forma de o Santa Cruz gerir, que não se importava com a questão do débito, mas sim só em ganhar, isso acumulou um passivo que em determinado momento iria explodir e, por falta de sorte do Santa Cruz, foi nesses últimos anos. Mas é uma roda gigante.

O Santa Cruz vai se recuperar, até porque hoje já tem um modelo de gestão compartilhada, de SAF, e Antônio e Eduardo Paurá estão trabalhando nisso. E na medida que a gente pode ajudamos também. Esperamos que o Santa Cruz possa reiniciar um ciclo de gestão.

Click Esportivo: A SAF do Santa Cruz sai até o fim de 2023? Estar sem divisão não desvaloriza?

O Santa Cruz encontra um parceria, seja uma SAF tradicional ou de cogestão, mas o Santa Cruz tem ferramentas e projetos que dão condições para que este ano ele apresente uma alternativa e um novo modelo de gestão.

Isso (de estar sem divisão) não é bem o que o mercado leva em consideração, porque nenhuma SAF é projeto de curto prazo, mas sim projetos de médio a longo prazo. O fato de o clube estar participando é bom, mas não é crucial. O que vale para a SAF é: qual o patrimônio imobiliário que agrega valor à marca? O Santa Cruz tem estádio, o terreno do CT. Qual o capitão imobilizado? Torcida, marca, potencial de expansão, um mercado de consumidor… Então tudo isso conta.

O Sport, por exemplo, só deixou para pensar em SAF na Série A – e talvez nem faça. O Corinthians e São Paulo não quiseram fazer, é muito relativo. Não é nada de outro mundo a SAF. É mostrar que tem uma coisa aqui que, se eu investir, posso ter retorno lá na frente. O fato de ele estar jogando ou não não impede fazer uma SAF.

Evandro Carvalho_Entrevista_Presidente_FPF
Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol. Foto: Divulgação/FPF

Click Esportivo: Uma possível Série E seria viável?

Eu pensei, nós pensamos nisso. A ideia não é ruim porque, em tese, aumenta a pirâmide, você amplia o número de jogos. No primeiro momento, eu inclusive propus isso, outros presidentes também no ano passado, no ano retrasado. A gente já pensou nisso várias vezes. Quando se pensa nisso você manda fazer estudos de viabilidade técnica, depois econômico-financeira e o que a gente chama de estudo de viabilidade de evolução e aprimoramento do futebol.

Então, depois que a gente fez esses estudos e análises, a conclusão é que, apesar de momentaneamente ser bom e aumentar a pirâmide, no fim é prejudicial aos clubes. Por quê? Porque o principal objetivo é encurtar a distância da Série A para a divisão de acesso, que hoje é a Série D. Se criar a E, aí o clube tem que sair da E para a D, da D para a C, da C para a B… Não tem como fazer tudo isso em pontos corridos, vai ter que ser mata-mata.

Quando faz mata-mata privilegia o clube menos qualificado e que não tem investimento nenhum e com estádio ruim. E se não botar em estádio ruim não tem jogo.

Click Esportivo: Como você vê o cenário para o Petrolina no ano que vem, disputando Copa do Brasil e Série D?

A CBF é a única confederação do mundo que paga arbitragem, bola, hospedagem, passagem e ainda dá R$ 300 mil para cada clube. Vai gastar nada, vai receber R$ 300 mil. Eu disse ao presidente do Petrolina: pega o dinheiro, faz um CT Simples, não gasta o dinheiro feito o Afogados. Botamos R$ 3,5 milhões no Afogados, gastou o dinheiro todo e não tem nada.

Já disse para o Petrolina pegar esse dinheiro, a Prefeitura dá o terreno e constrói o básico de um CT: dois campos oficiais, dois mini campos, um vestiáriozinho. É uma coisa simples. Com R$ 500 mil se faz. As folhas dos times menores no Estadual são de R$ 40 mil.

Não vai (desistir) de jeito nenhum. O Petrolina vai sair dessa Série D com R$ 1 milhão no bolso, sem gastar nada. Por que ele vai sair? A folha, estourando, vai ser R$ 100 mil. Ele vai receber R$ 100 mil por mês da CBF, vai ter a receita da cidade, da prefeitura. O Salgueiro estava brigado com a prefeitura, que cortou todo o dinheiro, e o Salgueiro ficou sem nenhum centavo. E naquela época a CBF não dava dinheiro. Hoje é diferente. Com R$ 100 mil por mês nenhum desiste.

Click Esportivo: Qual a avaliação da sua gestão na FPF?

(Somos) a Federação que mais evoluiu em dez anos, considerada pela Fifa, Conmebol e CBF. Em termos de estrutura somos igual a São Paulo, não tem ninguém melhor. Agora isso nem sempre reflete no futebol. Se uma Federação não fizer nada e os clubes estiverem bem, a opinião pública vai dizer que a Federação é ótima.

Nenhuma Federação do Brasil aportou nem 30% nos clubes do que eu aportei nos clubes de Pernambuco. Mas isso não adianta nada. O Santa Cruz, por exemplo, foi aportado R$ 7 a 9 milhões, mas adiantou o quê? Zero, porque o Santa Cruz está sem divisão. O efeito é o clube profissional. Se o clube profissional estiver bem, mesmo nada estando bem, está resolvido.

Click Esportivo: Qual a sua avaliação dos estádios do Trio de Ferro e da Arena de Pernambuco?

A Arena é top, foi nota 10 de novo. De todas as arenas do Brasil a melhor é a Arena de Pernambuco, a mais qualificada e com a menor manutenção. O Sport vai fazer um investimento de R$ 75 milhões e vai transformar o estádio dele em uma arena top e moderna. O Náutico tem um estádio pequeno, com 18 mil, mas em ótimas condições. O único estádio que funciona, mas tem necessidade de investimento, o que só vai acontecer com uma SAF, é o Arruda, que ainda assim recebe 45 mil pessoas.

Se tivesse R$ 14 milhões deixava ele em condições para receber 70 mil pessoas. Também tem o Retrô construindo o estádio dele, o Vitória também. Vou ter mais quatro estádios novos.

O problema é que o pessoal quer que a Arena de Pernambuco dê lucro. A Arena não existe para dar lucro. Ela é uma ferramenta de gestão pública. A Arena é custo, mas é importante ter para quando precisar. Não existe arena que dê superávit, só se privatizar. Aí o Governo tira os impostos, e privatização tem o lucro com a tarifa, mas sem pagar um centavo de imposto, é subsidiado. Se você tem uma Arena tem que subsidiar a arena.

Raquel Lyra já aprovou o projeto do Anel Viário, aí a Arena vai ter uma utilização maior, porque vai melhorar muito o acesso. O projeto, quando Eduardo (Campos, ex-governador) fez), não deu tempo de terminar a estrutura de sustentabilidade da Arena. Agora que isso vai ser retomado. Evidente que a Arena sofreu esse impacto de ficar sem essa estrutura que precisava, mas mesmo assim a gente utiliza. Seleção jogou lá, o Retrô joga lá, a gente faz jogo grande lá.

Acho que no governo de Raquel, quando ela for para a reeleição, vai estar com os Anéis Viários todos prontos.

Click Esportivo: Todos com a Nota volta no ano que vem?

Nós fizemos o projeto, que é interessante, a governadora gostou, mas não houve tempo para fazer este ano, porque houve aquele impacto da perda de nota do Estado. Segundo o governo atual diz, o governo anterior de Paulo Câmara perdeu os prazos e não fez as adequações da lei, que o código nacional tributário colocava. Outros estados do Nordeste fizeram, mas aqui não fez, e a governadora perdeu receita. Então a gente fez todo o projeto e entregou tudo, mas combinamos de começar só no próximo ano. (O programa) é ótimo.

Click Esportivo: Jogo da Seleção Brasileira na Arena de Pernambuco é possível?

Quando você busca um jogo da Seleção, você se habilita dentro de um processo, com uma série de coisas, além de influência, mas você não pode selecionar um jogo específico, porque essa decisão tem fatores externos. A seleção que vem, a logística, o tempo que ela tem sobre a convocação, o período que os jogadores estão selecionáveis…

Tudo isso. Estamos na briga. Toda a parte técnica e documental já fizemos. E agora vamos iniciar o trabalho de conversação, o trabalho político na CBF.

Eu ganhei naquela época uma disputa com Rio de Janeiro e São Paulo, que ninguém no mundo imaginava, porque nunca que a Argentina jogava fora de Rio e São Paulo, mas infelizmente ocorreu a pandemia. E o feito de ter a Argentina fora do eixo RJ-SP, que era inédito, nós perdemos. É recomeçar tudo do zero. Do ponto de vista técnico não temos vantagem nenhuma.

A logística para a seleção da Argentina é ruim, porque se desgasta e viaja muito mais. A questão econômico-financeira da Conmebol é ruim, no aspecto da receita, porque no Rio de Janeiro e São Paulo faturam de 70% a 76% a mais. Do ponto de vista técnico nenhum estado do Nordeste tem chances, mas como a gente briga nos quesitos políticos, acreditamos que temos chance, como eu tive da outra vez e consegui. Só não deu certo por conta da pandemia.

Click Esportivo: E a transmissão do Campeonato Pernambucano de 2024?

A Globo agora não faz mais contrato de quatro anos, ela faz anual. É uma nova regra. Fizemos o contrato de 2023, acabou, e na terça-feira passada (dia 15 de agosto) a Globo já mandou um contrato de renovação. Os mesmos valores, com a correção. Não tem nenhum estadual que dê nem metade do que a gente dá de audiência.

Sobre os valores fixos, tiramos todas as despesas e depois repassamos aos clubes. E aí varia, porque depende do modelo do campeonato que os clubes querem. Quanto mais jogos, menos dinheiro. O dinheiro que vai para o clube depende do modelo que ele quer jogar a competição. Se eles querem mais dinheiro, tem que fazer um modelo com menos jogos.

Se querem mais jogos, eles recebem menos dinheiro. O dinheiro, primeiramente, vai para o custeio, e depois para eles. Não vem nada para a Federação.

COMPARTILHE

Bombando em Pernambucano

1

Pernambucano

Análise Detalhada do Campeonato Pernambucano: Expectativas e Favoritos

2

Pernambucano

Mariano Soso, o argentino que conduziu o Sport a mais um título Estadual

3

Pernambucano

Veja os melhores momentos da final do Pernambucano: Sport 0 x 0 Náutico

4

Pernambucano

Finais dos Estaduais: 15 times vão ser campeões neste fim de semana

5

Pernambucano

Veja os melhores momentos de Náutico 0 x 2 Sport