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Idolatria no Náutico, quase acerto com o Bahia, passagem no Sport e mais: Bizu relembra carreira

Click Esportivo falou com exclusividade com um dos principais atletas do Náutico Um dos maiores ídolos do Náutico, o atacante […]

Bizu_Náutico_2023

Foto: Tiago Caldas/CNC

Click Esportivo falou com exclusividade com um dos principais atletas do Náutico

Um dos maiores ídolos do Náutico, o atacante Bizu, hoje aos 63 anos, fez história com a camisa alvirrubra. Foram três passagens no Timbu, com um título do Campeonato Pernambucano e balançando as redes 114 vezes em 179 oportunidades.

Bizu, contudo, também defendeu outras camisas do futebol brasileiro, como Palmeiras, Ceará, CSA, Caxias-RS e… Sport. Sim, um dos maiores ídolos do Timbu defendeu o rival.

Em entrevista ao Click Esportivo, Bizu, que inclusive figura na lista de artilheiros na história da Copa do Brasil, falou sobre sua carreira, o acerto com o Náutico, a idolatria no Timbu e outros momentos importantes.

Hoje, com 63 anos, o ex-jogador vive em São Leopoldo, interior do Rio Grande do Sul, onde atua na Secretaria de Saúde da cidade. Contudo, apesar da distância, está sempre ligado no Náutico, seu clube do coração.

Neste ano, inclusive, Bizu foi homenageado no lançamento do uniforme 1 para a temporada.

Bizu_Náutico_2023
Foto: Tiago Caldas/CNC

Click Esportivo – Você é um dos maiores ídolos da história do Náutico. Qual a representatividade no clube na sua vida?

O Bizu não fez nada sozinho, sempre tive grandes jogadores ao meu lado. Nem lembro o nome de todos, já sou um idoso, mas eram grandes jogadores. Eu sou apaixonado pelo Náutico. Aconteça o que acontecer, eu sou Náutico sempre. Se você prestar atenção, o Bizu não se envolve com política no Náutico. Sou torcedor, amo meu clube e tenho respeito pela minha torcida.

Click Esportivo – Recentemente, o Náutico lhe homenageou ao lançar uma camisa. Como você viu esse movimento?

Agradeço ao Náutico por ter feito essa homenagem com as camisas, de participar da história do Náutico. Estou distante, mas pode ter certeza que o Náutico vai estar sempre no meu coração. O respeito que tenho pelo Náutico, pelo torcedor… Vou passar por outra vida e, se brincar, em outra vida vou ser alvirrubro.

Click Esportivo – E como foi sua chegada ao Náutico no fim de 1988?

Eu estava com tudo certo para ir para o Bahia na época. E o Bahia tinha um timaço: Charles, Bobô, Zé Carlos… Era um baita de um time. E o presidente era o Paulo Maracajas, que entrou em contato com o Palmeiras para me levar. Eu estava acertado e ia jogar no Bahia. Era um baita de um time.

E aí o seu Antônio Amante (presidente do Náutico na época) me chamou e disse: ‘tu vai para o Náutico’. E aí falou um monte de coisa, mas disse a ele que estava acertado com o Bahia e é só chegar lá e assinar. O gerente do Palmeiras me deu passagem para Salvador, mas encontro seu Antônio Amante no aeroporto e ele diz: ‘Tu vai para Recife’. E depois ele mandou eu ligar para o presidente do Bahia e perguntar como seria a situação.

E aí eu liguei e me senti desprestigiado. Passou a impressão que não estava nem muito interessado. E aí me resolvi com o Palmeiras e vim para Recife. É por isso que digo: o presidente Antônio Amante foi uma pessoa crucial.

Joguei 18 anos no futebol profissional, mas nunca tive uma relação com a torcida como tive com o Náutico. Era diferente. Ganhando ou perdendo. Mesmo perdendo eu nunca fiquei escondido de torcedor. A gente sabia que dava o máximo naquela época, o torcedor entendia. Essa identificação com o Náutico marcou minha vida.

Click Esportivo – No Náutico, em três passagens, você ganhou o Campeonato Pernambucano de 1989. Qual o teu sentimento com aquele título?

A gente tinha um grande time. E na final foram três jogos contra o Santa Cruz, que tinha um baita time. E aí foi para o terceiro jogo, com muita chuva. Muita lama. Eu perdi um dos gols mais feitos da minha vida, e a partida estava empate, com o Santa Cruz em vantagem. Mas, no fim do jogo, aos 44, o Levir foi derrubado dentro da área pelo Rômulo.

E aí, se fizesse o pênalti, a gente era campeão. E aí eu lembro que o Haroldo chegou e disse: ‘É contigo, Biza’. Fui artilheiro do campeonato com 31 gols. Eu era o batedor de pênaltis. E aí o goleiro era Valdir Peres, de Copa do Mundo, e ele brincou: ‘Hoje eu vou ter que pegar’.

Fui com calma e fiz o gol. Nosso título foi muito comemorado, foi um momento diferente da minha carreira. Minha família se deu muito bem no Recife. Estava em casa. Eu não tinha noção de que um torcedor pudesse ter tanto amor como tem a torcida do Náutico. É por isso que criei esse carinho, é contagiante.

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Foto: Tiago Caldas/CNC

Click Esportivo – No ano seguinte, em 1990, o Náutico foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil, mas você terminou como artilheiro. Qual a lembrança daquela campanha?

Tínhamos um time, em termos de nome, humilde. Em 1990, entramos na Copa do Brasil e perdemos para o Flamengo, que foi o campeão e que tinha um timaço. Fizemos uma campanha maravilhosa. Lembro de um jogo contra o Remo, onde perdemos por 3 x 1 na ida, mas nos Aflitos fizemos quatro gols. Fomos para cima. Fiz três gols nesse jogo.

Tudo isso porque tínhamos uma equipe acertada. O (técnico) Charles Muniz encaixou como uma luva no nosso time, dava muita orientação. A gente tinha uma empatia muito grande. A gente passava um momento difícil enquanto clube, mas dentro de campo todo mundo queria vencer.

Click Esportivo – Você, que é um ídolo do Náutico, teve uma passagem no Sport. Como foi essa negociação?

A situação financeira do clube estava muito difícil. Posso falar que nunca acionei o clube na Justiça. E o que aconteceu para a minha ida para o Sport? Eu lembro bem. Eu, ídolo do Náutico, sair para o Sport, que era rival, isso era a morte para o cara. Em termos de idolatria e respeito, era o final. Na época eu aceitei ir para o Sport porque a minha ida para o Sport ajudou a solucionar um problema financeiro no Náutico. Na época foi pago alguma folha atrasada, inclusive minha também.

Um diretor (do Náutico) me chamou e disse: ‘Olha, Bizu, sei que é difícil, mas existe a proposta, o Sport já entrou em contato’. Eu, na época, disse: ‘Eu não vou’. Apesar de que era um bom dinheiro para mim, poderia me ajudar bastante. Aí, o diretor disse: ‘Bizu, vou te falar a real, estamos sem condições’. E na época eu aceitei. Eu poderia ter ido para o Sport pegando todo o dinheiro, porque já tinha passado a Lei do Passe, mas em respeito ao Náutico e meus companheiros, eu aceitei. Uma das minhas exigências com o Sport era acertar com o Náutico, porque eu não iria sair de graça.

Eu ganhei um bom dinheiro no Sport. Nunca fui maltratado pelo torcedor do Sport, pelo contrário. Era um timaço do Sport, com Hélio, Moura, Ataíde. Sou grato ao Sport até hoje. Não só pelo lado financeiro, mas porque o próprio Náutico foi ajudado.

O Bizu, pessoa, eu não iria para o Sport, que é um grande clube. É um clube que me deu todas as condições. Lógico que financeiramente me ajudou e eu pude ajudar o Náutico também. Joguei um ano no Sport, sempre bem tratado.

Uma coisa que me emocionou na época foi quando o diretor Branquinho e o presidente Wanderson me chamaram para renovar, mas eu não queria, porque eu tinha o projeto de voltar para o Náutico. Aí seu Branquinho me disse: ‘Você renova com o Sport e, na sequência, fica com a gente cuidando das categorias de base’. Foi o único clube que me ofereceu algo nesse sentido.

Se a condição financeira do Náutico fosse outra e não estivesse com tantos atrasos, até porque a saída não foi boa só para mim, mas para o Náutico também. Foi bom para todo mundo. Fui profissional no Sport, trabalhei sério e honrei a camisa. Não fui só para pegar dinheiro. Era um grande time, mas não chegou a decolar. O desempenho não foi o mesmo. Não consegui reeditar o que eu fazia no Náutico. Aliás, em clube nenhum.

Click Esportivo – Qual foi o momento mais marcante com a camisa do Náutico?

Aquele título contra o Santa Cruz. O pênalti que bati, no apagar das luzes, definiu toda uma história futebolística do Bizu. Ali, naquele pênalti, eu bati 18 anos de carreira. De emoção, de respeito e amor ao clube e à minha torcida alvirrubra. Defini vários jogos, mas aquele jogo contra o Santa Cruz marcou para sempre.

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