Entrevista

Ex-técnico do Campinense, Dico Woolley detalha experiência na Raposa e lamenta crise

Ex-treinador da Raposa lamentou situação atual e fala de mudança de mentalidade para Raposa viver dias melhores O Campinense passa […]

Dico Woolley treinou o Campinense na reta final da Série D

Foto: Samy Oliveira/Campinense

Ex-treinador da Raposa lamentou situação atual e fala de mudança de mentalidade para Raposa viver dias melhores

O Campinense passa por uma crise bem complicada, onde ficará sem calendário nacional em 2024. Isso acontece por não ter conseguido uma vaga para competições nacionais via Campeonato Paraibano, e pela eliminação precoce na Série D deste ano.

Quem viveu o clube neste ano e conseguiu sentir na pele os problemas enfrentados pela Raposa, foi o técnico Dico Woolley. O pernambucano de 41 anos comandou a equipe na reta final da Série D.

Nas partidas em que Dico esteve no comando do Campinense, foram três vitórias e duas derrotas. Ele chegou num momento onde a equipe vinha numa descendente grande. O comandante ainda conseguiu arrumar o time e vencer os três últimos jogos disputados, após perder os dois primeiros.

Todavia, acabou não sendo suficiente e a Raposa ficou por um ponto para se classificar ao mata-mata da Série D. Diante da experiência vivida no Campinense, o Click Esportivo entrevistou o treinador.

Ele comentou sobre a experiência num clube de massa como a Raposa, num contexto de crise, e como foi encarar tudo isso. Além do mais, ele revelou o carinho que teve pelo Rubro-negro em dois meses de trabalho e disse que espera voltar, um dia, para sentir ainda mais o calor da torcida no Amigão.

Técnico Dico Woolley, quando treinava o Campinense
Foto: Samy Oliveira/Campinense

Entrevista com Dico Woolley, ex-técnico do Campinense

Click Esportivo – Como você avalia essa sua passagem no Campinense, sendo o seu segundo clube como treinador profissional, e o primeiro time de massa que você comandou?

Dico Woolley – Fiquei muito feliz de ter ido para o Campinense, mas só lamentei de não ter chegado antes. Faltavam só cinco jogos. E às vezes você precisa de uma dose de sorte em alguns momentos, porque acho que faltou um pouco na minha chegada.

Meus dois primeiros jogos foram contra os adversários mais difíceis do grupo. Pegamos o Nacional de Patos, fora, e o Sousa, em casa, com uma equipe que vinha muito bem e foi a melhor equipe do nosso grupo, que chegou no último jogo para o acesso, perdendo da Ferroviária-SP. Jogos em que começamos bem, mas acabamos perdendo.

Falei para o presidente que se não tivéssemos pego esses dois times nos primeiros jogos, e sim os outros adversários (que vencemos), eu teria mais tempo para trabalhar a equipe, fazer as mudanças necessárias para conseguir a classificação. Mas considero minha ida para lá muito proveitosa.

Técnico Dico Woolley, quando treinava o Campinense
Foto: Samy Oliveira/Campinense

Foi um contexto muito diferente do Retrô. Era preciso liderar de maneira diferente, pois lá havia outros problemas. Era jogador querendo ir embora, salário na iminência de ficar atrasado, pois o time não estava bem e a torcida não ia mais ao estádio.

Inclusive, a gente enfrentou a fúria da torcida, porque houve um episódio com os jogadores concentrados, e a torcida soltou bomba, quase machucando jogadores, que até queriam ir embora. Então tivemos que lidar com essa pressão e o começo ruim.

Mas depois, fazendo uma análise do elenco e do contexto, consegui ter uma visão mais clara de jogadores que não deveriam estar ali, jogadores que poderíamos potencializar, e vencemos os três últimos jogos, ficando a um ponto de classificar para a próxima fase da Série D.

Então eu lamento um pouco por essa falta de sorte, mas para a minha carreira foi muito bom trabalhar numa equipe de torcida, de enfrentar essa pressão e tantos problemas que naquele momento foram ruins, mas que eleva meu nível como treinador. Toda experiência é muito válida e essa experiência no Campinense foi muito rica, muito proveitosa.

Técnico Dico Woolley, quando treinava o Campinense
Foto: Samy Oliveira/Campinense

Click Esportivo – O quanto o contexto de crise do Campinense, dentro de campo e também fora das quatro linhas, atrapalhou o desenvolvimento do seu trabalho na Raposa?

O contexto (de crise) atrapalhou muito. A torcida pegando no pé, jogadores de qualidade sem confiança, outros jogadores já procurando clubes para sair, outros desmotivados, na iminência da falta de dinheiro. Então todo esse contexto atrapalhou bastante.

A gente tinha algumas carências no elenco, entramos em contato com jogadores para reforçar, mas as duas derrotas no meu começo de trabalho deixaram as coisas ainda mais complicadas para essas contratações.

Foi um contexto de dificuldade, mas ainda creio que se eu tivesse chegado antes, a gente teria se classificado. E no mata-mata, seria outra situação diferente, trazendo reforços que estavam na agulha para deixar a equipe mais forte.

Infelizmente não deu, mas fiquei feliz por deixar as portas abertas com a diretoria, torcedor, imprensa, para que um dia eu volte a trabalhar no Campinense. Um dia eu quero voltar a trabalhar lá.

O que vivi no jogo contra o Santa Cruz, onde mesmo sem ter 10% do estádio cheio, o que os torcedores fizeram estando em cima, apoiando… o torcedor do Campinense é muito apaixonado pelo clube. O clube numa situação mais organizada, mostra que vale ainda mais a pena trabalhar num clube de expressão.

Técnico Dico Woolley, quando treinava o Campinense
Foto: Samy Oliveira/Campinense

Click Esportivo – Quais as experiências e lições que ficam dessa passagem pelo Campinense, entre aprendizados com acertos e erros?

Fica de experiência a forma de encarar as dificuldades, que lidei com tudo isso. As experiências de liderança num contexto diferente, lidando com jogadores que não fui eu quem trouxe. Às vezes tem uma certa resistência, o jogador não aceita tanto que você o coloque no banco, acontecem uns ruídos e você precisa estar próximo desses jogadores para mostrar que não tem nada pessoal, e mostrar que eles podem evoluir e serem titulares.

Erros, é claro que cometi, mas é difícil chegar agora e pontuar. Às vezes é mais uma situação de tomada de decisão mesmo. De escalação da equipe, escolha de um jogador ou outro que não rendeu, mas que aí vai mais pela falta de conhecimento que você tem do grupo.

No meu caso, o contexto de chegar com três ou quatro treinos e fazer com que o time renda. Não é uma situação fácil. Mas tenho certeza que deixei as portas abertas, e amanhã numa possível troca de treinador, meu nome pode estar na equipe. Tanto no Campinense, como também no Retrô, clubes que deixei uma boa relação e uma certeza de trabalho de campo bem feito.

Técnico Dico Woolley, quando treinava o Campinense
Foto: Samy Oliveira/Campinense

Click Esportivo – Depois de passar por um clube de massa, tão representativo na Paraíba e no Nordeste como é o Campinense, como você avalia esse cenário atual da equipe, que ficará sem calendário nacional em 2024?

O Campinense vem de gestões onde cometeu erros, que deixou de investir em estrutura, na base, apenas investindo na equipe, no momento. Numa conversa que tive com o presidente, falei que a camisa não resolve mais nada. Se ela resolvesse, o Campinense não estava na Série D. Acabou isso.

O que pesa hoje em dia é estrutura de trabalho, planejamento, salário em dia. Isso que faz a diferença no longo prazo. O futebol permite que um time menos qualificado tecnicamente elimine um que tenha mais tradição.

Falei para que haja o investimento em estrutura do clube, em montar uma equipe qualificada, mas onde possa pagar, terminando o ano em dia, melhorando o centro de treinamento, alimentação dos jogadores e alojamento.

Acho que é isso que deve ser feito, para que esse discurso de que camisa pesa não predomine. É parar com esse olhar de que camisa e torcida vão resolver. Não vão mais. Essa é a visão que tentei passar no clube, que vejo, que fizeram com que o Campinense e outros clubes de torcida passem por essa situação.

Quando começarem a investir em estrutura e outros pontos relacionados, aí sim, a torcida e a camisa passarão a fazer diferença, como é o caso do Fortaleza, por exemplo.

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